Pular para o conteúdo principal

Um mundo muito ADULTO... e CHATO

O mundo anda muito chato. Há muita gente irritada, intolerante e rabugenta por aí. As pessoas estão mais ranzinzas e sisudas. Por que temos que ser tão grosseiros, agressivos e mal-humorados? Simplesmente porque nos tornamos adultos! Precisamos sim, ser sérios, responsáveis, comprometidos. Porém, é necessário levar a vida tão à sério a ponto de comprometer a nossa qualidade de vida?

Em décadas passadas, o talentoso compositor brasileiro Ataulfo Alves traduziu um sentimento que deveria brotar no coração da gente:
“Eu daria tudo que eu tivesse

Pra voltar aos dias de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce...
Eu era feliz e não sabia”.
Que bela e saudosa canção de “bons tempos que não voltam mais”! Realmente, o tempo passa, a vida passa, a gente passa! E “eu não sei porque a gente cresce”! A gente cresce? Será? Talvez a gente se diminui e até piora! As muitas lutas e dificuldades da vida fazem muitos estragos. Destroem sonhos, roubam alegrias e tiram a paz de muita gente boa! Quantos guardam rancor e mágoas em seus corações? Quantos se transformaram em seres azedos e rancorosos? E a vida vira um caos quando chegam a descarregar os seus problemas nos outros. Aliás, gente mal resolvida deveria se tratar e aprender a viver em paz consigo e com os outros.

Mas, onde está aquela criança alegre e feliz de outros tempos?


Nos tempos de criança “a gente era feliz e não sabia”. Curiosidade, pureza, simplicidade motivavam as nossas ações. Naqueles tempos sem tanta ostentação e consumação as crianças aprendiam a ser felizes com poucas coisas. Sem tanta glamorização a vida parecia menos complicada e tensa, e não tão acelerada. Os movimentos também não eram tão neurotizados ou erotizados. Era apenas o fantástico mundo da criança!

Mas, a gente cresceu e aí... deixamos morrer a criança que existe dentro da gente! Ficamos adultos demais! Por isso, vivemos mais preocupados com o rejuvenescimento da pele do que com o envelhecimento de nossos sentimentos, com as sonhos e ideais do coração e da alma. E esquecemos de cuidar do bem maior que, na verdade, mora dentro da gente! 

Certa feita os seguidores do Mestre discutiam quem deveria ser o maior ou o melhor. Conhecendo os seus pensamentos, de forma pedagógica e ilustrativa Jesus colocou uma criança no meio deles e disse: “quem quiser ser o maior deve ser tornar como essa criança”! Que tapa de luva em quem “se acha” melhor do que os outros. E também dos que vivem cheios de orgulho, vaidade, presunção. Aprendemos, portanto, que "enquanto o mundo diz à criança: “faça-se homem”, Cristo recomenda aos homens: “seja criança”, como escreveu o teólogo da reforma Martinho Lutero!

No mundo da criança não há lugar para preconceitos e discriminações. Enquanto os adultos não ensinam esses pecados às crianças, elas vivem e convivem bem com a pluralidade do mundo e as aparentes diferenças das pessoas. Por isto, a simplicidade de coração e a humildade de espírito dos infantes deveriam ser preservadas em nós para sempre! Ah! Como é diferente, alegre e divertido o mundo das crianças!

Inspirando no conto “Os Músicos Bremem” dos Irmãos Green, o musical infantil “Os Saltimbancos” ainda agrada crianças de todas as idades. A adaptação e musicalização de Chico Buarque por anos fazem sucesso aos amantes do bom teatro. Uma das lindas canções da peça “Cidade Ideal” que apresenta os sonhos de uma cidade de amores, onde as alamedas são verdes e todos os habitantes são somente crianças:
“O sonho é meu e eu sonho que

Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
Fossem somente crianças”.
Pensar na possibilidade de um mundo puro e belo, melhor e mais feliz, constitui-se até uma utopia. Por serem adultos demais, alguns acharão graça, rirão, zombarão. Sem problemas. Realmente, sonhos, visões, utopias não são para essa gente grande. São características das pessoas que vivem de inventividades, criatividades, inovações. Gente inconformada, ativa, dinâmica com a mente das crianças. Gente que tem futuro e prospecta um mundo novo e mais feliz!

Enfim... um dia muito feliz para as crianças de todas as idades!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ESTAMOS RECLAMANDO POR QUÊ?

Não fomos nós que escolhemos cultivar as amizades via Face, Instagram ou Linkedin, construindo inúmeras redes e grupos de relacionamento? Não resolvemos que as conversas agora seriam por whatsap ou por chats, mesmo estando nos bares, restaurantes, teatros, shows, passeios? Não optamos por nos reunir mais por videoconferências, salas online do que presencialmente, evitando muitos deslocamentos e as desgastantes viagens? Não criamos as plataformas digitais de aprendizagem isoladas e focadas de EaD sem aqueles convívios chatos dos colegas de classe? Não lamentamos sempre que as nossas casas se tornaram apenas em lugares de pernoites em que não há mais possibilidade de convivência familiar? Não nos queixamos sempre de que não há mais tempo pra gente ler, estudar, ver filmes, ouvir música em casa? Então... ironia do destino ou feitiço contra o próprio bruxo, agora estamos todos em casa! E estamos reclamando por quê?

APROVAR OU NÃO APROVAR? O Conselho de Classe Resolve!

O Conselho de Classe é o órgão colegiado, de caráter consultivo e deliberativo, que avalia o aproveitamento, o desempenho e os problemas de aprendizagem dos alunos. Geralmente, as reuniões do Conselho acontecem ao final do ano letivo, quando, na verdade, deveriam integrar o programa sistemático de avaliação da escola. Há escolas que, sabiamente, procedem as avaliações coletivas antes da divulgação dos resultados oficiais. Por que não realizar reuniões regulares do Conselho ao final de cada etapa avaliativa? “Conselho”, uma expressão latina que se origina de “consilium”, se identifica com “conselheiros”, aqueles que desenvolvem análises e deliberações que promovem a paz e a harmonia da coletividade. Conselho não é um tribunal, muito menos um júri ou julgamento. Mesmo quando os concílios fazem resoluções firmes ou severas, o objetivo é sempre a conciliação. Além do mais, além de aprovar ou reprovar alunos, o Conselho de Classe deveria desempenhar um papel ed