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Política na ESCOLA

- “Detesto política!”

É assim que muita gente reage no lamentável cenário político brasileiro. E se se pensar em tratar o assunto na escola, alguém poderá até considerar uma “heresia” pedagógica: 
“escola não é lugar de política”

Será?

O homem é um ser “político”, como ensinava Aristóteles. Ele vive em sociedade. O sábio grego chegava a afirmar que aquele que vive só é um animal ou um louco. Porém, o povo se encontra decepcionado ou desiludido com tantas falsas promessas, escândalos e corrupções no meio político. Há muita “politicagem” ou “politicalha” de gente oportunista que só se lembram do povo em época de eleições.

O povo anda desinteressado com as campanhas políticas, sobretudo as novas gerações. Se as eleições não fossem obrigatórias, quantos compareceriam às urnas? Afinal, por que tamanha letargia contamina a nação?
- Um dos motivos é a falta de consciência política do nosso povo. Falta-nos o exercício da real cidadania.
- E por que a escola não oferece a sua contribuição através de um programa de educação política?
- Mas, pode-se fazer “política na escola”?

Antigamente, havia disciplinas no currículo escolar que pretendiam oferecer formação social e política aos estudantes. Por exemplo: Educação Moral e Cívica; ou OSPB (Organização Social e Política do Brasil). Outros interesses “doutrinários” motivavam a manutenção dessas matérias em nossas escolas, sobretudo, nos tempos do regime militar. Recentemente, reconheceu-se a importância de inserir (de novo) Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias do Ensino Médio. Vislumbra-se a a possibilidade de ensinar o aluno a pensar, refletir, analisar; e de compreender melhor a complexa sociedade. Então, por que não incluir “Educação Política” ou “Ciência Política” nas grades curriculares?

Atualmente, o tema da “cidadania” é tratado de forma superficial, como um dos temas transversais. Desmotivado com o lamentável cenário político brasileiro e desprovido de formação política adequada o povo “deixa tudo do jeito que está pra ver como é que fica”. O exercício político não existe só nas campanhas eleitorais. Porém, às vésperas das eleições, esquecem os brasileiros que o descaso é algo do interesse dos oportunistas que aparecem por aí. Por isto, nesta hora, recomenda-se votar em candidatos conhecidos, que vivem próximos da gente, que interagem no dia-a-dia de nossa comunidade. Rejeita-se neste instante os paraquedistas que invadem o nosso espaço e temporariamente demonstram interesse em nossas questões, porque sabemos que alguns só retornarão nas próximas eleições. Eles se aproveitam de nosso absurdo analfabetismo político.

Há tempos Bertold Bretch escreveu:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos... Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo"


É hora de reverter este quadro e investir na formação política de nossa gente, a partir dos educadores e seus educandos, das escolas, das universidades, dos movimentos populares, das instituições...para que a nação seja formada de cidadãos devidamente politizados, conscientes e engajados na vida nacional. Senão, correremos o risco de permanecer em nosso analfabetismo político. E aí, vamos continuar ouvindo os analfabetos políticos dizerem: “eu odeio política”!


* Prof. Emerick
(Publicado originalmente no Jornal "CORREIO DO SUL", de Varginha, MG)

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